Era uma Vez uma Viúva
Desde que o marido morreu há alguns anos atrás, nada na sua vida parecia ter qualquer significado especial. Semanas passavam e sorrisos na boca dela nem vê-los. Nada parecia trazer-lhe felicidade.
Contudo, aquele dia ia ser diferente. O telefone tocou depois do pequeno-almoço.
Antes de atender, correu para acender um cigarro. Ao quarto sinal de toque ela alcançou o telefone e levantou o auscultador. Era a sua filha. Vivia apenas a uma hora de distância mas a sua carreira profissional, a vida ocupada do marido, a escola dos miúdos, futebol, aulas de piano e o ballet, impediam-na de visitar a mãe com mais regularidade. Mas para surpresa geral, a filha decidiu ir visitá-la no próximo sábado.
Pela primeira vez em tantas semanas ela parecia irradiar felicidade. Assim que desligou o telefone, com a excitação acendeu mais um cigarro. Ela tinha que receber a família com pompa e circunstância. De imediato ligou para o cabeleireiro para marcar hora. Lá foi, fumou vários cigarros enquanto arranjava as unhas e ao mesmo tempo contava ás outras clientes o belo fim-de-semana que iria disfrutar com a filha e os netos. Quando chegou a casa nesse dia, fumou um cigarro e começou a preparar uma refeição deliciosa. Quando acabou fumou mais um cigarro, vestiu o pijama, fumou outro e por fim adormeceu. Assim que acordou no dia seguinte, completamente ansiosa fumou um cigarro. De novo, lavou a cara e os dentes e depois fumou. A seguir ao pequeno-almoço mais um cigarro. Continuou a preparar tudo e a fumar ao mesmo tempo. A racionalização que fez foi que dado que não queria expôr os seus netos ao fumo do tabaco, mais valia fumar mais que o habitual antes de eles chegarem para compensar os cigarros que não ia fumar quando eles estivessem por perto. Uma última limpeza e um último cigarro e estaria pronta. E estava!
A campainha toca.
Ela corre para a porta para abri-la. Lá estava, a sua família. Todos se sentem excitados. Ela vai beijar o mais novo e este responde: "Oh vó.. cheiras mesmo a cinzeiro!" Era o neto dela, e ela já estava habituada a estes comentários por isso nem ligou. Depois de 15 minutos para pôr a conversa em dia, foi com a filha á cozinha para acabarem de preparar o jantar. 1 hora depois começa a sentir que precisa de um cigarro. Os netos correm pela casa como loucas e normais crianças que são. Mais meia hora que passa e a paciência dela começa a diminuir. "Estão a fazer tanto barulho" pensou ela consigo própria - "e eu nem um cigarro posso fumar." Um pouco depois diz á sua filha que está a sentir uma ligeira dor de cabeça. Decidem então jantar um pouco mais cedo. A comida está óptima. Mas a avó parece cada vez pior. Já passaram 3 horas e ela ainda não fumou.
Depois do jantar, todos concordam que é melhor voltarem para casa mais cedo porque a avó definitivamente precisa de descanso. Ela dá a todos um beijo de despedida e acompanha-os á porta. Assim que se fecha a porta ela fuma 3 cigarros de seguida. Finalmente, começa a sentir-se um pouco melhor. Depois de fumar senta-se na sala, sozinha, a contemplar o facto de que foi realmente uma pena eles terem ido para casa mais cedo. Mas pelo menos, ela tem os cigarros para lhe fazer companhia. Foi um dia longo. Ela lava os dentes, fuma um cigarro, veste o pijama, fuma outro e adormece.
Amanhã vai ser outro dia cheio de rotina.
Esta situação ilustra bem o ponto que eu gosto de focar e porque é que acho importante que uma pessoa páre de fumar: apesar de todas as implicações a nível de saúde, o mais fatal na minha opinião são os bons momentos da vida que os cigarros nos roubam, por vezes sem darmos conta. Se analisar bem alguns momentos da sua vida, de certeza que vai conseguir encontrar partes que não foram aproveitadas na totalidade (ou quem sabe, não desfrutou de todo) por causa dos cigarros.
Tudo por causa de uma planta com um QI de zero.
A única maneira de disfrutar do mundo que nos rodeia a 100% é sem nicotina. Não passe o resto da vida a tentar encontrar racionalizações para justificar o contrário. Lembre-se que se não tomar a decisão de deixar de fumar, o seu corpo e o seu cérebro, sempre sedentos por nicotina e presos no ciclo químico desta droga, vão tomar a decisão por si. No dia que for voçê a escolher, vai parar. E de novo digo: não é nada do outro mundo, desde que aceite que: Fumar não é um hábito, é um VÍCIO!