domingo, novembro 19, 2006

Primeiro Eu

"O meu marido diz que já não consegue ver-me a fumar.. Vou deixar de fumar"

"A minha mulher está a tentar parar, também vou deixar para lhe dar uma ajuda"

"O meu filho começa a tossir quando fumo perto dele.. Vou parar por ele"

"O meu médico disse para eu deixar de fumar.. está sempre a chatear-me com o assunto. É altura de parar"

Todos estes racíocinios apesar de á primeira vista parecerem correctos estão tão perto de ajudar as pessoas a deixarem de fumar como um cigarro aceso num cinzeiro espera silenciosamente pela sua vítima (gostaram do suspense?).

Quero dizer com isto que estas pessoas querem deixar de fumar pelos motivos errados. Podem até ultrapassar o período inicial onde os sintomas de privação são extremamente intensos, mas em 95% dos casos, as pessoas que deixam de fumar por estas razões, invariavelmente, voltam a fumar. Ao contrário do que muitos pensam, o sucesso quando se pára de fumar avalia-se pela maneira como durante o tempo, consegue manter o seu organismo sem nenhuma forma de nicotina. Parar todos conseguem.. quem fuma, fá-lo dezenas de vezes por dia; contudo, minutos depois, voltam a fumar.

Continuando, quando se pára de fumar por causa de outras pessoas, mais cedo ou mais tarde, esta pessoa sente que se está a privar de algo que era extremamente importante para ela. Isto é facilmente perceptível nos que deixam de fumar por problemas de saúde; é frequente ouvir frases do género: "Se soubesse que morria a seguir ao almoço de hoje, ia a correr comprar um maço de tabaco." Cá está, a sensação de privação no seu melhor; estamos a falar de pessoas em que os cigarros provavelmente fizeram com que já só tenham um pulmão, mas mesmo assim, se soubessem a hora da morte, iam dar uma última passita. Isto não é anormal de todo. Estas pessoas continuam a pensar que os cigarros eram a sua fonte máxima de prazer; enquanto ninguém lhes conseguir fazer ver que o "prazer" que sentiam era nada mais que o seu organismo a deixar por breves momentos de pedir nicotina, eles sentir-se-ão assim.. infelizes.

É também engraçado as racionalizações quando se trata de relações marido/mulher; "Fiz este esforço todo.. e é assim que tu me pagas!! Só por causa disso vou-te mostrar como é.. vou fumar!!!" Bom, na verdade, não lhe vai mostrar nada. Esta pessoa vai voltar a fumar, vai querer parar de novo, and so on. Nenhuma das alternativas é agradável.

É imperativo que quando uma pessoa quer deixar de fumar, perceba que o primeiro beneficiado com esta decisão é o próprio fumador e mais ninguém. Sim, os amigos e a família acabam indirectamente por beneficiar desta decisão, mas esta pessoa vai-se sentir mais feliz, mais calma, com mais saúde e com mais controlo sobre a sua vida. Em vez de sentir que está a deixar algo de importante para trás, sente que está a libertar-se de algo que não o deixou viver a vida a 100%.

Mantenha na sua mente, que se quiser deixar de fumar, o motivo é voçê e mais ninguém. Mesmo que ninguém queira saber, mesmo que não lhe dêem apoio (o mais certo é isto acontecer), pense no bem que está a fazer a si próprio.
Não quero dizer com isto que se pensar assim, vai ser menos complicado. Mas garanto-lhe, mais simples vai ser. E a médio/longo prazo é meio caminho andado para se manter sem nicotina, for a long long time.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro amigo Viver
Revendo a Cidadela dos Incultos encontrei seu comentário sobre meu texto "Os Biloguistas" e agradeço epla atenção. Me surpreendeu o fato de você citar o MST. Em Portugal então também conhecem esse movimento. Eu imaginava que pouca atenção era dada a ele fora do Brasil. Apesar de estar com problemas e disputas internas, o movimento representa uma tomada de posição dessa população mais carente. Conheci alguns deles numa visita ao Rio Grande do Sul e as atitudes deles me pareceram bem diferentes do que pinta a grande imprensa aqui. Como eles são vistos aí em Portugal? Agradeceira sua troca de idéias comigo, pois tenho aprendido muito lendo a Cidadela e os comentários dos portugueses sobre os problemas políticos e sociais, iguais aos do Brasil. E quanto ao poder dos bilogues, gostaria de trocar idéias sobre isso também. Um grande abraço e até a próxima. Vellker

segunda-feira, novembro 20, 2006  
Blogger Barão da Tróia II said...

Passei para desejar uma boa semana.

segunda-feira, novembro 20, 2006  

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