quarta-feira, outubro 18, 2006

O Cigarro Romântico

Os fumadores desenvolvem ao longo do tempo uma relação de amor/ódio com os cigarros; o ser humano altamente sofisticado e complexo tem que encontrar razões válidas para perpetuar aquilo que é nada mais nada menos que um vício. Sim, o único motivo que o leva a continuar a fumar é o facto de que voçê não aguenta ficar sem fumar. Sente-se irritado, nervoso, sensível e sabe que um cigarro vai acabar com isso tudo. Nesta linha de racíocinio o cigarro na verdade não criou um momento de prazer, mas antes uma situação de alívio por deixar de sentir os famosos sintomas de abstinência da nicotina.

Este estado de negação conduz inevitavelmente á crença que adora fumar, que é uma actividade prazerosa e divertida etc.. A verdade é que o fumador vive tanto para os cigarros como um alcólico vive para uma garrafa vazia, ou um viciado em heroína vive para uma seringa. Em todos os casos, vive-se para a droga que vem com o "pacote", no caso dos fumadores é a nicotina, sendo o cigarro, a garrafa e a seringa nada mais que instrumentos de entrega.
Não quero com isto dizer que ser fumador é o mesmo que ser viciado em heroína; uso este exemplo só para as pessoas perceberem que se for introduzida nicotina no corpo de um fumador através de outro método que não os cigarros, o fumador enquanto tiver nicotina suficiente no sangue para não sentir sintomas de privação não vai ter vontade de fumar (por isso é que as pessoas que usam o famoso adesivo não têm vontade de fumar e quando tiram o adesivo vão correr a comprar cigarros).

O fumador entra então num romance com os cigarros, ignorando a nicotina. O marketing constante, publicidade com celebridades, elevação de status social e outros inúmeros motivos fazem a mente de um fumador elevar os cigarros a uma categoria heróica.
Apenas na última decada se percebeu que o grau de quão viciada está uma pessoa em determinada droga não se mede pela quantidade consumida mas antes pela dificuldade que esta pessoa tem em parar de consumir determinada droga, a percentagem de recaídas e se essa substância vai continuar a ser utilizada independentemente do estado de saúde do seu consumidor. Os estudos da última década comprovam também que a nicotina em termos de vício, repito, em termos de vício, é pior que heroína ou cocaína. Se não acredita no que eu digo, não é assim tão díficil como isso encontrar uma pessoa que era viciada em heroína, que conseguiu livrar-se desse terrível vício e não consegue parar de fumar cigarros. Incrível, no mínimo. Não é por acaso que a taxa de recaída mais elevada que existe no mundo a nível de drogas pertence á nicotina. Já percebeu porque é que tem dificuldade em parar de fumar? Não é psicológico como dizem muitos; voçê precisa de nicotina para se sentir normal. Quando se abstém dela, sente-se mal e tem uma vontade suprema de fumar - isto não é psicológico, é bem REAL. Não admitir isto é o primeiro passo para nunca deixar de fumar; a base para ter sucesso em deixar de consumir qualquer substância viciante é admitir a fraqueza perante essa mesma substância. Não é díficil deixar de fumar, se perceber que está a deixar de fumar porque o único motivo que o levava a fumar era o vício pela nicotina. Não era o cigarro a seguir ao almoço, com o café ou depois do sexo. Isto são meras racionalizações que o seu cérebro encontrou para justificar algo que voçê SABE que não lhe traz benefícios. Sendo os fumadores pessoas dotadas de inteligência como os outros têm que dar um motivo a algo que não faz sentido.

Experimente o seguinte: na próxima semana em vez de pensar em cigarros, pense em nicotina. Substitue a palavra cigarros por aquilo que voçê realmente quer - a nicotina. Se o fizer vai ficar surpreendido com aquilo que tem dito a si próprio.
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