sábado, dezembro 23, 2006

Saraiva e o Desemprego

Hoje na revista Tabu, JAS relata um episódio sobre o tempo de transição entre Expresso e Sol onde numa situação de desemprego lhe foi vedado o acesso a um cartão de crédito Citibank, exactamente por se encontrar desempregado.

Lembrei-me imediatamente da tenebrosa situação pela qual passei nos singelos dois dias que estive desempregado. Sim, dois singelos dias de desemprego bastaram para sentir na pele a situação humilhante que pode ser o desemprego.

Tendo casa própria e filhos não me podia dar ao luxo de andar por aí à escolha de emprego na minha área; inscrever-me no centro de emprego significava meses de espera não constituindo então opção. Receber um subsídio insignificante era também uma carta fora do baralho.

Comprei então o bendito jornal dos classificados. Nada.

Decido ir às empresas de trabalho temporário. E a aventura começa. De todas as que fui preenchi uma ficha de inscrição sendo depois questionado verbalmente sobre as últimas experiências profissionais, se havia possibilidade de indicar algumas referências etc.. Até aqui tudo bem. Na penúltima, expliquei os motivos pelos quais fiquei desempregado ao que a intragável senhora me responde com a peregrina pergunta: "Considera-se uma pessoa conflituosa?"

Fiquei perplexo. Hoje com serenidade, coloco esta pergunta na mesma prateleira de perguntas como: "Não acha que devia usar calças azuis com mais frequência?" Fico a imaginar quem é que responde sim a este tipo de pergunta. Para juntar a este cenário pitoresco mais alguma estupidez e ignorância há que frisar a postura superior e arrogante com que esta senhora se impunha na sua esplendorosa secretária.

Depois do beligerante questionário, marcou-me uma entrevista (!) para o mesmo dia. Lá fui, onde o senhor que me entrevistou devia ser da mesma família que a outra senhora; desta feita, perguntam-me se eu preciso de dinheiro. Calmamente, e mais uma vez dada a delicadeza da situação em que me encontrava respondi humildemente que sim. Nem vale a pena alongar-me muito sobre este tema, a descrição do mesmo reflecte a qualidade do entrevistador. Se eu preciso de dinheiro? "Não meu senhor, trabalho para aquecer."

No dia seguinte, lá encontrei trabalho. Alegremente confesso, fui à tal empresa de recrutamento onde a poderosa senhora me entrevistou, e disse-lhe: "Pode retirar o meu nome da base de dados. Já estou empregado." Ao qual ela respondeu com um seco: "Ok. Bom dia."

Enfim.
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