domingo, dezembro 17, 2006

Terapias de Substituição vs Moda Antiga

Na era da tecnologia, dos avanços da ciência e da medicina onde novos medicamentos e esperanças emergem todos os dias começo a ficar com a ligeira sensação que a montanha pariu um rato.

Pastilhas, adesivos, inibidores sabe Deus de quê inundam os sonhos de fumadores desesperados; não é que estes produtos não resultem. Há casos em que sim, resulta. O problema é que de todas as pessoas com quem falei e que utilizaram este tipo de abordagem além de continuarem a fumar, agora não querem sequer saber de deixar; ficaram com a ideia de que "Bom, se com isto não dá, sem tomar nada é que não vai dar mesmo." Errado.

Partindo do principio que eu e voçê concordamos que o único motivo pelo qual alguém fuma é pelo simples facto de ser viciado em nicotina, não vejo como é que um produto que administra nicotina no corpo de alguém, leva esse alguém a desistir do que quer que seja. É a mesma coisa que um heroinómano dizer que parou de usar seringas e agora só utiliza prata para fumar, ou um alcoólico que deixou de beber pela garrafa para começar a beber pelo copo. O importante na cessação de um vício não é o meio de entrega da droga, mas antes a droga em si.

Se injectarmos um fumador via intravenosa com a dose que ele precisa de nicotina, ele não vai ter vontade de fumar.

Se lhe colocarmos um adesivo na pele com a dose que ele precisa de nicotina, ele não vai ter vontade de fumar.

Se lhe dermos uma pastilha para mastigar com a dose que ele precisa de nicotina, ele não vai ter vontade de fumar.

O acto de fumar é um simples meio de entrega como já disse. O seu cérebro deixa de o incomodar com sintomas de privação assim que a dose é entregue; ou acha mesmo que o seu cérebro é selectivo ao ponto de dar importância sobre o modo como voçê administra nicotina no seu corpo?

Repito, não quero dizer com isto que outros métodos não funcionem. Existem pessoas que deixaram de fumar com o adesivo ou com a pastilha; garanto-lhe contudo que são em menor número do que aquelas que deixaram de fumar sem suporte farmacêutico (chamemos-lhe assim). Se conhece alguém que deixou de fumar, pergunte qual foi o método que utilizou. As respostas serão na sua maioria "Deitei o maço fora e nunca mais fumei."
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